domingo, 24 de outubro de 2010

Luto

Às vezes me pego pensando
Como me despedir da vida.
Apagando a dor, a mágoa e a ferida...
De repente vejo um vulto
Que sorridente me alcança,
Confuso grito: Esperança!
E fito na cor do olhar, não...luto!
(Adriana Freire, 18/10/2010)

Imperfeição

É possível se cobrir o oceano
Para se desfazer de um engano?
Quando encontrarei o que busco
Se às vezes nem mesmo sei quem sou?
Sei apenas o que sinto, não nego,
Não fujo e não minto, apenas me entrego.
Tenho agora apenas a certeza,
Que não quero, além do que sinto,
Ter que carregar esta tristeza
No peito, de que jeito... imperfeito.
Imperfeição!
(Adriana Freire, 18/10/2010)

Lírio

Lírio que encanta a alma,
Um perfume seu não fica apenas na palma,
Inebria e decanta o coração.
Zênite do delírio, qual a razão?

Mistério e magia atravessando os seus versos,
A palavra que confidecia a busca e seus reversos.
Na simples rima delicia esta complicada sina,
Um verbo que procura a ação ou a "menina".
Este é o sujeito poeta acentuando predicados perfeitos.
Literato afeito a lira eternizando poemas de amores mais-que-perfeitos.

Memórias de Lírio e temas escritos no tempo,
Acompanham o violão e o tom é dado pelo vento.
Tudo é sentimento, toques preciso de um letrado artesão em melodia.
O som do Lírio amigo que espera do destino o amor verdadeiro em simetria.
Sensível aos desejos e ritmo do seu coração, dá mais valor à harmonia.

Declama Lírio poeta seu poema com afeto e esmero.
E este anjo Lírio apesar do seu canto sincero,

Jamais viveu um grande amor e belo, nem mesmo singelo.
E segue apenas cantando a vida no seu universo,
Sempre transformando seu campo em múltiplos versos.
Uma história retratando a música ou a música cantando a história?
Sua resposta, seu amor, sua busca ficando apenas na memória.
(Adriana Freire, 13/03/2010)